Tonito entrou em casa num pranto desalmado, onde se misturava nas lágrimas, baba e ranho, num choro desenfreado.
Sua mãe protectora natural do seu filho, não lhe conseguia arrancar qualquer palavra e a razão de tal pranto.
Angustiada e temendo o pior, com a natureza normal das mães e o seu poder maternal, lá conseguiu entre choros e soluços arrancar ao Tonito a razão de tal choradeira:
Mãe vai fechar a escola na aldeia.
No princípio pensando tratar-se de qualquer mal entendido da parte do filho, lá conseguiu em conversa atropelada com o mesmo arrancar a razão de todo este drama:
Tonito contou-lhe que a sua professora tinha referido na aula, que a Câmara Municipal tinha em projecto fechar a escola na aldeia.
Os alunos e eram mais de 20 iriam para a cidade ter aulas. Por causa de um projecto que estava em votação - qualquer coisa chamada de Carta Educativa.
Segundo a professora lhes tinha dito esta mudança era para que os alunos aprendessem melhor e não havia razão para a Escola da aldeia continuar aberta, pois na Cidade é que se podia aprender. Os professores eram melhores, havia computadores e embora a aldeia ficasse a alguns km a escola da aldeia tinha mesmo que fechar.
Leontina, mãe de Tonito nem queria acreditar. Fechar a escola onde tinha aprendido a juntar as primeiras letras, onde tinha estudado a sua mãe e todos os seus parentes.
Não era possível. Como podiam fechar a escola sem perguntarem nada aos habitantes da aldeia e o próprio Presidente da Junta o Sr. Manuel da Horta, nada tinha dito ou não sabia.
Decidiu tirar a verdade a limpo e combinando com a sua comadre Alzira, que também lhe confirmou o relato do seu filho, foi falar com o Presidente da Junta, que triste lhes confirmou a má noticia. Ele bem tentou, aliás era do Partido da Câmara, mas parecia que não ligavam aos seus protestos, nem mesmo com documentos que provavam que a escola deveria continuar aberta, por mais 50 anos ele conseguia convencer os Sr.s da Câmara.
Por mais razões que invocasse parecia que as suas palavras caíam em saco roto.
Tonito no entanto é que não estava pelos ajustes. Quando já tinham começado a organizar uma equipa de futebol, ele e os colegas, com suplentes que davam para duas equipas. Agora queriam fechar a Escola.
Ele que até com o computador do pai, já tinha começado a enviar emails pedindo apoios para as camisolas e as chuteiras, e combinado já mais de 10 jogos com os outros miúdos das escolas em redor na Freguesia, queriam acabar com esse sonho. Não podia ser.
No entanto mal sabia o Tonito e os colegas que tudo se preparava para fechar a sua Escola.
Os Sr.s que mandavam na Câmara Municipal lá tinham um estudo feito por uns Dr.s de Lisboa que indicavam que a Escola do Tonito devia fechar e outras tantas nas Freguesias do Concelho.
Tinham feito estudos, embora se percebesse que todos eles foram feitos a partir de Lisboa, mas isso não interessava. O estudo estava feito e nada a fazer, por muitos Presidentes de Junta que reclamassem, por muitos Tonitos que chorassem o fecho das Escolas.
O que contava era a cidade e algumas Freguesias o resto não tinha interesse.
Depois de aprovado o documento logo se via, referia o Presidente da Junta em conversa com a mãe do Tonito e contando a ela e a quantos se juntaram em redor, o que se tinha passado nas Assembleias Municipais e nas poucas reuniões onde lhe tinha sido convocado. O que é que eu posso fazer, lamentava-se o Manuel da Horta, os Sr.s da Câmara é que mandam.
Estava mais que visto, Tonito tinha razão. Iam fechar a escola na aldeia e para estudar tinha que ir para a cidade.
O pior de tudo era perder o convívio com os colegas e acabarem com a Equipa de futebol.
Logo agora que vinham mais uns amigos da sua idade viver para a aldeia.
Tonito tinha razão os senhores da Câmara não estavam preocupados minimamente com a Equipa de Futebol e nem se importavam que agora tinha que se levantar mais cedo.
Pois para ir para a outra escola tinha que se levantar por volta das seis da manhã todos os dias, dizia-lhe a mãe e se fecharem a escola não sabe como vai ser. Se ao menos perguntassem a opinião a si e aos seus colegas pensava Tonito, cabisbaixo enquanto ouvia o Presidente da Junta tentar explicar.
Se me deixassem falar eu lhes diria, pensava Tonito. Logo agora que tinha já jogadores para duas equipas de futebol e todos da aldeia.
Será que a Escola do Tonito vai fechar?
Leia os próximos capítulos, se os houver.
1 comentário:
Será que a Câmara agora tem de fazer uma escola em todas as aldeias no concelho de tomar?
Será que as pessoas não se podem deslocar um pouco para um centro escolar localizado na sua freguesia ou na freguesia ao lado!?
Querem assim tantas escolas para quê?Para ter turmas de 5 alunos!?
Não venham com a desculpa de não haver transporte público, pois nos dias de hoje em todas as casas existe um ou mais carros(uns melhores outros piores mas isso não interessa).
E mesmo quanto ao transporte publico de certeza que a rodoviaria em dialogo com a camara arranjara um solução.
Senhores do "tacho" deixem-se de politiquices e trabalhem mais e MELHOR.
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