domingo, 4 de maio de 2008

NABOS NO TACHO À TOMARENSE


Aproveitando a proximidade de mais um Festival de Sopas promovido no nosso Concelho, não posso deixar passar a oportunidade de dar a conhecer um prato bem conhecido pelo povo tomarense e que certamente bem confeccionado fará as delicias de alguns apreciadores:

Aqui vai a receita:

Todos sabem o que é um tacho. É um recipiente de metal ou barro, geralmente com asas destinado a usos culinários.
Mas também pode ser um cargo prestigiante ou emprego bem remunerado obtido por meio de conhecimentos pessoais influentes.

Mas vamos à receita.

Pega-se em meia dúzia de nabos, com bom aspecto e dotes oratórios, bem lavadinhos e cheirosos.

Depois de bem lavados e de preferência que tragam já gravata, misturam-se muito bem. Escolhe-se o maior dos nabos e deixa-se inteiro. Os restantes cortados às rodelas, para parecerem mais regam-se com algumas gotas de azeite, para ficarem bem oleados.

No tacho já preparado de antemão, deita-se cuidadosamente o maior dos Nabos. Será ele que vai dar toda a consistência ao prato. Por isso o seu aspecto, o seu porte e a sua forma são muito importantes para o sucesso da receita.

Este nabo escolhido muito bem entre os demais, não pode ser cozinhado com os restantes, pois estraga o sabor do prato. Há que ter um cuidado especial neste nabo quando se coloca no tacho. Ele tem que estar fresquinho e bem preparado.

Depois do nabo maior já ter dado algumas voltas no tacho e começar a despertar um ligeiro aroma, publicitado através de jornais e rádios, pode-se começar a juntar os restantes nabos já bem oleados e cortados ás rodelas.

Entretanto vão-se juntando alguns ingredientes, imprescindíveis nesta receita. Algumas ervas do campo, cuidado para não serem daninhas. Mais tarde durante a cozedura podem estragar tudo.
Estas ervas, acompanhadas de um bom molho preparado com muitos projectos, ideias, etc., vão engrossar o conteúdo do tacho.


Leva-se o tacho ao lume em lume brando. Se houver necessidade pode-se aumentar em determinadas alturas o fogo, para que a cozedura acelere e sempre dá mais nas vistas aos comensais.

Agora com os ingredientes todos em cozedura, ainda se pode colocar mais alguns nabos, previamente escolhidos, de forma que não estraguem a receita.

Se houver algum nabo que se note que não esteja bem oleado e que possa prejudicar, retira-se apressadamente e substitui-se por outro.
É extremamente importante que os nabos não se prejudiquem entre si como é natural, senão o prato não fica em condições.

Quando o aroma libertado pelo tacho, se notar que os nabos já estão todos prontos a levar à mesa, desliga-se o fogão e leva-se à mesa, pode ser eleitoral ou redonda, tanto faz.

Se a receita agradar, pode-se ir repetindo de quatro em quatro anos, queria dizer dias que não faz mal.

Convém ter sempre tachos prontos a dar, digo utilizar.

No entanto fica o aviso, repetida esta receita muitas vezes sem mudar os ingredientes, digo os nabos, pode provocar cólicas acompanhadas de diarreia.

Aqui fica a receita já muita antiga dos nabos no Tacho. Todos os Tomarenses a conhecem pois já há perto de dez anos lhes dá cólicas e dores, apanhando sobretudo a zona do lado esquerdo do tronco, o sítio da carteira.

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